quinta-feira, 28 de agosto de 2008

Psicologia, Propaganda, Publicidade e Ética



Este trabalho foi desenvolvido na tentativa de relacionar essas áreas muito distintas do campo das ciências, a Psicologia, Publicidade e a Propaganda, que, nos dias atuais, estão por vezes aliadas em busca de um interesse mercadológico em comum: o estudo do comportamento e da subjetivação voltado para o consumo. Nesse sentido, o nosso interesse é estudar de quais princípios éticos se valem os psicólogos que atuam nesta área, já que ao observar o código de ética, não percebemos direcionamentos que sejam específicos a esta área de atuação, por isso o interesse em pesquisar acerca desta prática no campo da psicologia.
Assim, realizamos uma breve pesquisa a nível de Conselhos Regionais de Psicologia Brasileiros (CRPs), com a finalidade de ter acesso a prevalência de profissionais que atuem na área. Nesse sentido, estes órgãos não souberam informar sobre a existência de profissionais na área. Então, tentamos manter contato via e-mail com algumas empresas em todo o Brasil, mas não obtivemos resposta. Sendo assim, uma vez que faz parte das atribuições do psicólogo social atuar junto aos meios de comunicação, assessorando quanto aos aspectos psicológicos nas técnicas de comunicação e propaganda, procuramos entrevistar psicólogos sociais da cidade de João Pessoa-PB, de modo que apenas um deles nos respondeu a entrevista por e-mail. Justifica-se ainda o fato de as entrevista terem sido realizadas por e-mail pela dificuldade de acesso pessoal a estes psicólogos. A seguir apresentamos a entrevista realizada.

Entrevista: Trabalho realizado para a disciplina de ética

1- Instituição em que se formou?
Universidade Federal da Paraíba.

2- Tempo de formação?
Cinco anos. Finalizei a graduação em 2003.

3- Tem pós-graduação?
Mestrado de 2003 até 2005 e doutorado de 2006 até hoje.

4- Área de atuação?
Psicologia social, psicologia ambiental e adaptação e desenvolvimento de medidas psicométricas.

5- O código de ética da Psicologia não trata especificamente do trabalho do psicólogo na publicidade/propaganda, sendo assim, você como psicólogo social que percepção tem acerca da prática nesta área, visto que compete também ao psicólogo social atribuições nesse campo?

A atuação nesta área não deixa de ser reportada no código de ética, embora não seja tratada especificamente. Em geral, a atuação do psicólogo social nesta área implica na realização de pesquisa e aplicação de teorias, tal como percepção, atitudes e persuasão. O corpo teórico da psicologia social constrói-se a partir de estudos realizados com seres humanos e animais, que respeitam as diretrizes éticas. De modo geral, o código de ética do profissional de psicologia, assim como tantos outros, carece de mecanismos reguladores mais eficazes e eficientes, ao invés de múltiplas especificidades, pois a partir de um princípio ético, derivam-se várias regras de conduta, por exemplo, a verdade e a transparência.

6- Enquanto profissional que não necessariamente trabalha diretamente com a questão da publicidade e propaganda, mas pode exercer algum tipo de influência sobre os profissionais que atuam nessa área, de que princípios você se vale para exercer esta função?
Princípios éticos. Respeito à condição humana e bem-estar geral.

Resumidamente, a psicologia da publicidade e da propaganda tem sido destituída, na atualidade, da sua condição de um eficiente instrumento de trabalho para os publicitários devido à escassez de estudos na área. De forma bastante ampla, esse ramo da Psicologia tornou-se um campo carente de estudos, pesquisas e principalmente de resultados ­ em forma de literatura ­ em nosso país (Bachaman, 2003).

Para ver mais trabalhos publicados na área, acessar os seguintes links:

http://forum.imasters.uol.com.br/index.php?showtopic=21546

http://reposcom.portcom.intercom.org.br:8081/bitstream/1904/17169/1/R1885-1.pdf

As aflições humanas e a felicidade



A felicidade, mais que um fenômeno emocional de exacerbação pessoal eufórica pode ser considerado um fenômeno social. Este aspecto pode ser visto ao passo em que não se pode falar de uma definição de felicidade já que se pode perceber a existência de diversas “felicidades” que se caracterizam pelos distintivos dos mais variados grupos. Estes fatores vão do aspecto econômico ao modo de inter-relação entre as pessoas. Assim, o que pode ocasionar felicidade para um determinado povo, já não faz tanta diferença pra a alegria de um outro. Isso não exime o fato de que alguns fatores podem imperar em comum para mais de uma sociedade.
Sendo também social, a felicidade adquire feições que se dividem em aparências positivas e negativas e não só nas primeiras como a sociedade do senso geral costuma a ver. O prazer que a felicidade me dá pode ser conseqüência de ações que perturbem o bem-estar de outros, o que não pode ser considerado positivo para os indivíduos em si e para a coletividade como um todo. Assim, aspectos éticos estão envolvidos na existência de uma chamada felicidade. Até que ponto a minha felicidade não vai atingir a liberdade, a tranqüilidade e a felicidade do outro? É um dos pontos a que temos de questionar...
Deste modo, aprendamos a refletir sobre nossa atuação social e principalmente sobre nossas emoções. Pois como já dizia Epicuro, “é preciso cuidar das coisas que trazem a felicidade, já que, estando esta presente, tudo temos, e sem ela, tudo fazemos para alcançá-la”. Para tanto, é valido inclusive praticar e cultivar os ensinamentos daqueles que são mais experientes no exercício da “alegria”, atentando para os elementos fundamentais para uma vida feliz, mas que acima de tudo respeite a possibilidade do outro também ser feliz.

O experimento de Stanford

Descrição do experimento
Em 1971 um grupo de psicólogos sociais, liderados por Philip Zimbardo levou a cabo uma experiência que ficou conhecida como a Experiência da Prisão de Stanford. Esta consistiu na simulação de uma prisão em que os papéis de guardas e de prisioneiros foram atribuídos a estudantes voluntários, com características psicológicas semelhantes e que visava estudar os efeitos psicológicos da vida numa prisão. Previa-se uma duração de quinze dias e, segundo as regras, quem quisesse poderia abandonar a experiência a todo o momento. Apesar das regras bem definidas e de todos os participantes saberem que se tratava de uma simulação da realidade e de um estudo científico, a verdade é que a experiência foi interrompida ao fim do sexto dia, porque os participantes começaram a viver com total entrega e intensidade aos seus papéis, confundindo a representação com a realidade vivida e identificando-se com os personagens que encarnavam. Alguns "guardas" tornaram-se especialmente violentos, abusaram da autoridade que lhes havia sido concedida e humilharam os seus "prisioneiros", deixando mesmo de cumprir as regras da "prisão". Por seu lado, os "prisioneiros" foram-se tornando submissos, obedecendo gradualmente às ordens mais absurdas. Assim, dentro de cada um de nós há um conformista e um totalitário, e não é preciso muito mais do que o uniforme certo para que ele venha à tona"."Dentro de cada um de nós há um conformista e um totalitário, e não é preciso muito mais do que o uniforme certo para que ele venha à tona.

Procedimentos do experimento:
A Seleção

Os participantes foram recrutados através de um anúncio de jornal e receberiam US$ 15,00 por dia (US$ 76,00 em valores atualizados - 2006), para participar de um "experimento simulado de aprisionamento". Dos 70 inscritos, Zimbardo e seu time selecionaram 24, que foram julgados como sendo mais estáveis psicológicamente e possuindo boa saúde. Estes participantes eram, na sua maioria, brancos, de classe média, do sexo masculino. Foram formados dois grupos de igual número de "prisioneiros" e "guardas".

1. 24 homens entre 18 e 24 anos foram seleccionados e divididos em dois grupos: guardas e prisioneiros.
2. Os prisioneiros foram levados a uma esquadra real, fechados e recolhidos numa prisão construída no laboratório de psicologia.
3. Lá, eles foram revistados, uniformizados e colocados em celas, onde eram vigiados e punidos pelos guardas.
4. Revoltados pelo tratamento, os prisioneiros revoltam-se. Os guardas acabam por usar a violência para acabar com a rebelião. Um dos prisioneiros dá sinais de esgotamento e tem que ser solto. Aumentam os castigos e tarefas humilhantes.
5. O comportamento dos guardas torna-se cada vez mais agressivo. Três prisioneiros têm colapsos. A experiência prevista para 15 dias acaba no sexto.




Notas sobre o filme






O filme: “O experimento”, traz cenas fortes, é sensacionalista e em vários momentos exagerado. Em muitos aspectos não se propõe a relatar o experimento como este de fato ocorreu. O autor do filme justifica-o dizendo está “produzindo arte”, todavia, é questionável sua fala, no sentido de considerar até que ponto, em nome da arte, é ético representar um fato real e a ele acrescentar aspectos possíveis de comprometimento à postura, carreira e vida de um profissional, neste caso o autor do experimento. De fato, é praticamente impossível não questionar a postura ética do pesquisador ao propor e realizar determinado experimento. Ainda em se tratando de uma situação irreal e tendo sido informados os participantes acerca do experimento, foram eles expostos a condições exageradas de prova, de modo que, questões que envolvem a pessoa humana deixaram de ser consideradas em nome da ciência.
Embora o fato não tenha se passado exatamente como relatou o filme, faz-se necessário repensar eticamente tanto a postura do cineasta, bem como e principalmente a postura do pesquisador.

Dilema Ético Contemporâneo: O universal versus o cultural


Partindo do pressuposto de que para a interpretação dos resultados de uma pesquisa psicológica, pesquisadores tenham que se valer de uma abordagem universal ou cultural para este fim, consideramos com relação ao dilema proposto (pesquisas com crianças de raça e cultura diferentes) que a abordagem mais conveniente a ser adotada é na verdade nenhuma e nem outra, mas uma de caráter interacionista, que ligue o universal e o cultural, pois o homem possui essas duas características. Possui ele atributos universais, haja vista todos os homens se originarem da mesma matriz biológica, mas também, possui atributos particulares resultantes da cultura onde ele está inserido. Dessa forma, ambas as nuances precisam ser comtempladas, pois o homem possui semelhanças e também singularidades.

Quanto a interpretação dos resultados de pesquisa, a Psicologia aponta que devemos considerar questões relacionadas a generalização dos resultados de modo que permanece questionável a existência de uma possível neutralidade por parte do pesquisador diante das informações por ele obtidas.

Em relação à Ética, também quanto a interpretação dos resultados, consideramos que para a mesma não ser possível a existência de neutralidade por parte do pesquisador, pelo fato de este estar passível de viés, uma vez que este pode acontecer devido ao alguma crença ou preconceito do pesquisador, dos quais este pode se valer ao interpretar seus resultados.

O Dilema do Aborto: O ponto de vista ético do Psicólogo




Uma moça chamada Maria José, namorava há um certo tempo um rapaz chamado Joaquim, e já planejavam para um período próximo o casamento. No entanto, por serem de origem pobre, esperavam por melhores condições financeiras. Mas um dia, algo inesperado aconteceu, Maria José engravidou. Ao saber da notícia, Joaquim rejeitou a gravidez da namorada e fugiu. Maria José, então, viu-se sozinha, sem dinheiro, sem apoio da sua família e pensa em fazer um aborto. Ela vai em busca do Psicólogo do PSF perto de sua casa com a intenção de que este profissional ajude-a a tomar a melhor decisão.

Diante do dilema acima exposto, o grupo chegou a seguinte conclusão:

O Psicólogo nesta situação ao nosso ver deveria agir da seguinte forma: Proceder de maneira que não se deixe influenciar a paciente por crenças pessoais no sentido de ser contra ou favor do aborto, já que o código de Ética de Psicologia veda a indução a convicções ideológicas e morais quanto ao exercício das funções profissionais. Acredita-se que ser interessante proporcionar a esta paciente um ambiente favorável, que lhe permitisse segurança para que ela própria fizesse sua escolha, devidamente consciente de qualquer conseqüência advinda de sua decisão.

Com relação ao ponto de vista ético do grupo, encaramos esta situação como sendo demasiadamente delicada, na qual tanto aspectos relacionados à vida do feto e à autonomia e condições (psicológicas, fisícas e financeiras) da mãe, devem ser consideradas. Partindo do ponto de vista que judicialmente consiste o aborto em crime e religiosamente numa grave transgressão, faz-se necessário considerar os valores dos envolvidos e as particularidades de cada caso. Neste sentido, o grupo mostra-se contrário ao aborto indiscriminado, todavia, favorável ao aborto em situações de gravidez decorrente de estupro, de risco de morte para mãe ou de situações onde já foi confirmado um feto doente que sobrevivendo vai ter uma sub-vida, acarretando somente problemas para si mesmo e para sua família.
Quanto a possibilidade de um progresso histórico-social que cria condições necessárias para o progresso da moral, nós enquanto grupo acreditamos de que, não necessariamente em termos de história humana, este progresso exista, pois na verdade a história é feita sim de avanços, mas também de retrocessos, não caminhando numa marcha contínua de melhoras. Acreditamos sim nas mudanças constantes na história humana, de modo que isto reflete na moral, uma vez que esta não é estática, mas fruto de um tempo e espaço e dessa forma, cremos que é possível nossa sociedade vir a ver o aborto como algo correto, todavia, se isto é progresso ou retrocesso, trata-se de uma outra questão.

Análise do código de ética


Um código de ética profissional constitui um conjunto de princípios tidos como indispensáveis para a atuação do profissional de acordo com o consenso dos integrantes de uma determinada categoria. A explicitação desses princípios induz o profissional a uma constante reflexão sobre sua prática diante dos preceitos que a categoria define como padrão de atuação.
O código de ética da psicologia, que está em vigor desde o dia 27 de agosto de 2005 através da resolução do CFP nº 010/05 teve como princípio norteador de sua construção, a reflexão da categoria acerca de sua prática, que responsabiliza o psicólogo individual e coletivamente pelas suas ações no exercício profissional. Procurou posicionar os princípios fundamentais como grandes eixos de orientação das relações do psicólogo com seus pares, com a sociedade como um todo e com a ciência.Os títulos e capítulos foram eliminados, conferindo ao novo código uma leitura e utilização mais global e não fragmentada. Os artigos foram condensados, mas se tornaram mais claros, concisos e precisos.
Diante de tais reformulações, o código passou a reconhecer a categoria, não mais como isolada, mas considera o psicólogo um profissional em constante relação social, inserido no contexto de trocas necessárias para oferecer adequadas respostas às demandas sociais, num contexto de tensões entre os interesses e direitos individuais e coletivos, em que necessariamente irá compartilhar informações, competências, assim como, tomar decisões em situações conflitantes e de dilemas.
Deste ponto de vista, se faz necessário comentar sobre a questão do sigilo profissional. É fato que as novas práticas psicológicas estão no limite de interface com questões de ordem moral e legal, de direitos individuais e coletivos, e geram, assim, no psicólogo, um mal-estar quanto ao seu poder de decisão frente a quebra de sigilo, que acaba almejando encontrar no código de ética um amparo para justificar e respaldar sua decisão. O código de ética anterior, em relação à decisão sobre a quebra de sigilo, enfocava o imperativo de consciência, ou seja, deixava a cargo do psicólogo a decisão de quebrar o sigilo em casos de fato delituoso e de gravidade de conseqüências para o atendido e terceiros.
O código de ética retira do seu texto o termo imperativo de consciência e amplia a abrangência do sigilo, referindo-se à proteção da intimidade de pessoas, grupos e organizações. Entretanto, o sentido do imperativo de consciência permanece, porém o contexto no qual ele deva ser exercido é bem melhor norteado a partir do seguinte parâmetro: nas situações em que se configurar conflito entre o dever do sigilo, enfatizado no artigo 9º e as afirmações fundamentais do código. O mesmo não determina possibilidades de quebra de sigilo, optando por uma consciência reflexiva, crítica e responsável, ao invés de um posicionamento mais confortável com os padrões normativos.
No entanto, o que aparentemente é um ponto positivo pode ser um “nó fraco da corda” se houver uma má interpretação por parte do profissional. A questão da quebra do sigilo pode colocar em xeque as bases da psicoterapia: tempo, ambiente de confiança, construção da responsabilização do paciente e reflexão por parte do profissional.
Mas mesmo com muitas modificações e melhoras, o código de ética vigente ainda deixa a desejar, pois não consegue abranger em seus princípios fundamentais todas as áreas e práticas psicológicas, contemplando de certa forma, ainda, só a área clínica, deixando de acompanhar, assim, as transformações e ampliação da profissão de psicólogo.

Para acesso ao referido código, ver o link abaixo: http://www.pol.org.br/legislacao/pdf/cod_etica_novo.pdf