quinta-feira, 28 de agosto de 2008

O Dilema do Aborto: O ponto de vista ético do Psicólogo




Uma moça chamada Maria José, namorava há um certo tempo um rapaz chamado Joaquim, e já planejavam para um período próximo o casamento. No entanto, por serem de origem pobre, esperavam por melhores condições financeiras. Mas um dia, algo inesperado aconteceu, Maria José engravidou. Ao saber da notícia, Joaquim rejeitou a gravidez da namorada e fugiu. Maria José, então, viu-se sozinha, sem dinheiro, sem apoio da sua família e pensa em fazer um aborto. Ela vai em busca do Psicólogo do PSF perto de sua casa com a intenção de que este profissional ajude-a a tomar a melhor decisão.

Diante do dilema acima exposto, o grupo chegou a seguinte conclusão:

O Psicólogo nesta situação ao nosso ver deveria agir da seguinte forma: Proceder de maneira que não se deixe influenciar a paciente por crenças pessoais no sentido de ser contra ou favor do aborto, já que o código de Ética de Psicologia veda a indução a convicções ideológicas e morais quanto ao exercício das funções profissionais. Acredita-se que ser interessante proporcionar a esta paciente um ambiente favorável, que lhe permitisse segurança para que ela própria fizesse sua escolha, devidamente consciente de qualquer conseqüência advinda de sua decisão.

Com relação ao ponto de vista ético do grupo, encaramos esta situação como sendo demasiadamente delicada, na qual tanto aspectos relacionados à vida do feto e à autonomia e condições (psicológicas, fisícas e financeiras) da mãe, devem ser consideradas. Partindo do ponto de vista que judicialmente consiste o aborto em crime e religiosamente numa grave transgressão, faz-se necessário considerar os valores dos envolvidos e as particularidades de cada caso. Neste sentido, o grupo mostra-se contrário ao aborto indiscriminado, todavia, favorável ao aborto em situações de gravidez decorrente de estupro, de risco de morte para mãe ou de situações onde já foi confirmado um feto doente que sobrevivendo vai ter uma sub-vida, acarretando somente problemas para si mesmo e para sua família.
Quanto a possibilidade de um progresso histórico-social que cria condições necessárias para o progresso da moral, nós enquanto grupo acreditamos de que, não necessariamente em termos de história humana, este progresso exista, pois na verdade a história é feita sim de avanços, mas também de retrocessos, não caminhando numa marcha contínua de melhoras. Acreditamos sim nas mudanças constantes na história humana, de modo que isto reflete na moral, uma vez que esta não é estática, mas fruto de um tempo e espaço e dessa forma, cremos que é possível nossa sociedade vir a ver o aborto como algo correto, todavia, se isto é progresso ou retrocesso, trata-se de uma outra questão.

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