quinta-feira, 28 de agosto de 2008

O experimento de Stanford

Descrição do experimento
Em 1971 um grupo de psicólogos sociais, liderados por Philip Zimbardo levou a cabo uma experiência que ficou conhecida como a Experiência da Prisão de Stanford. Esta consistiu na simulação de uma prisão em que os papéis de guardas e de prisioneiros foram atribuídos a estudantes voluntários, com características psicológicas semelhantes e que visava estudar os efeitos psicológicos da vida numa prisão. Previa-se uma duração de quinze dias e, segundo as regras, quem quisesse poderia abandonar a experiência a todo o momento. Apesar das regras bem definidas e de todos os participantes saberem que se tratava de uma simulação da realidade e de um estudo científico, a verdade é que a experiência foi interrompida ao fim do sexto dia, porque os participantes começaram a viver com total entrega e intensidade aos seus papéis, confundindo a representação com a realidade vivida e identificando-se com os personagens que encarnavam. Alguns "guardas" tornaram-se especialmente violentos, abusaram da autoridade que lhes havia sido concedida e humilharam os seus "prisioneiros", deixando mesmo de cumprir as regras da "prisão". Por seu lado, os "prisioneiros" foram-se tornando submissos, obedecendo gradualmente às ordens mais absurdas. Assim, dentro de cada um de nós há um conformista e um totalitário, e não é preciso muito mais do que o uniforme certo para que ele venha à tona"."Dentro de cada um de nós há um conformista e um totalitário, e não é preciso muito mais do que o uniforme certo para que ele venha à tona.

Procedimentos do experimento:
A Seleção

Os participantes foram recrutados através de um anúncio de jornal e receberiam US$ 15,00 por dia (US$ 76,00 em valores atualizados - 2006), para participar de um "experimento simulado de aprisionamento". Dos 70 inscritos, Zimbardo e seu time selecionaram 24, que foram julgados como sendo mais estáveis psicológicamente e possuindo boa saúde. Estes participantes eram, na sua maioria, brancos, de classe média, do sexo masculino. Foram formados dois grupos de igual número de "prisioneiros" e "guardas".

1. 24 homens entre 18 e 24 anos foram seleccionados e divididos em dois grupos: guardas e prisioneiros.
2. Os prisioneiros foram levados a uma esquadra real, fechados e recolhidos numa prisão construída no laboratório de psicologia.
3. Lá, eles foram revistados, uniformizados e colocados em celas, onde eram vigiados e punidos pelos guardas.
4. Revoltados pelo tratamento, os prisioneiros revoltam-se. Os guardas acabam por usar a violência para acabar com a rebelião. Um dos prisioneiros dá sinais de esgotamento e tem que ser solto. Aumentam os castigos e tarefas humilhantes.
5. O comportamento dos guardas torna-se cada vez mais agressivo. Três prisioneiros têm colapsos. A experiência prevista para 15 dias acaba no sexto.




Notas sobre o filme






O filme: “O experimento”, traz cenas fortes, é sensacionalista e em vários momentos exagerado. Em muitos aspectos não se propõe a relatar o experimento como este de fato ocorreu. O autor do filme justifica-o dizendo está “produzindo arte”, todavia, é questionável sua fala, no sentido de considerar até que ponto, em nome da arte, é ético representar um fato real e a ele acrescentar aspectos possíveis de comprometimento à postura, carreira e vida de um profissional, neste caso o autor do experimento. De fato, é praticamente impossível não questionar a postura ética do pesquisador ao propor e realizar determinado experimento. Ainda em se tratando de uma situação irreal e tendo sido informados os participantes acerca do experimento, foram eles expostos a condições exageradas de prova, de modo que, questões que envolvem a pessoa humana deixaram de ser consideradas em nome da ciência.
Embora o fato não tenha se passado exatamente como relatou o filme, faz-se necessário repensar eticamente tanto a postura do cineasta, bem como e principalmente a postura do pesquisador.

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